Quinta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de crônica da escritora e poeta sul-mato-grossense Raquel Naveira, com "Margarida Neder: Uma mulher forte com nome de flor".
MARGARIDA NEDER: UMA MULHER FORTE COM NOME DE FLOR
Raquel Naveira
Que bela lembrança um nome de flor para uma mulher! Margarida, flor rústica, de pétalas brancas e radiantes, miolo amarelo, espalha-se em punhados pelos campos.
Da sugestão desse nome, Margarida Neder herdou a simplicidade, a alegria, a força dos que se renovam e brilham sob o sol da vida.
Conheci Margarida Neder, há mais de vinte anos, na avenida Afonso Pena, no seu ateliê de roupas e artesanato, o “MN”. Firme, decidida, comandava com mão de ferro as suas “meninas”. Criou todas como filhas, mostrando o caminho do trabalho e da responsabilidade.
Dos seus desenhos, das suas máquinas de costura, das suas tintas e ideias, surgiram roupas, toalhas, aventais, bordados, tudo com o selo da cultura pantaneira: estampas de bichos, plantas, receitas da culinária regional, versos de poemas.
Foi emocionante ver meus poemas impressos nos coloridos e criativos modelos de Margarida Neder. Literatura e história na moda do dia-a-dia da gente sul-mato-grossense.
Lá mesmo, no casarão-espaço de cultura, vivemos inesquecíveis noites de Arte, a “Penha MN”, encontros de arte latina, fronteiriça, quente com as tardes no rio Paraguai, infestado de chalanas e camalotes. Alguém tocava harpa, outro declamava um poema, outro expunha um quadro, dava um testemunho... havia uma troca, uma busca de raízes, de identidade, de formas de expressão.
Margarida Neder, a agitadora cultural, a modista, a empresária, passava sobretudo a sensação de ser mãe e leoa, aquela mulher sofrida, forte, que tem sonhos em meio a uma cruel realidade. Sonhos, mas com pés no chão. Sonhos com sorriso duro e cicatrizes na alma.
Margarida Neder calcou sua marca de precursora idealista, rude e terna, como o seu nome de flor.
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