Terça-feira no Blog do Alex Fraga é dia de com crônica professora, poeta e escritora de Campo Grande (MS), Tânia Souza, com Bebel.
Bebel
Vez em quando, Bebel se lembrava da canção:
FOGE! FUJA! Que a ferrugem tem fome. Vem ferrugemvermelhaoxidação.
Mas fugir para onde? A canção quase se perdeu no caminho.
Eram tempos de seca, era sol-areia-era-névoa-e-só.
A pressa se esfarelou.
Agora chove, e talvez, no amanhã ou no depois, a ferrugem venha.
FOGE! FUJA! Que a ferrugem tem fome. Vem ferrugemvermelhaoxidação.
Mas Goc lhe dizia, “Tudo está cheio de amor, Bebel, ferrugem não existe, é só conto de assombrar (coisas lá do antes). ”
Mas Goc também já não está, ficou adormecido em um mar de areia qualquer. A chuva é incessante, chuva que seus olhos veem, que sua alma sonha, que sua pele de metal bebe, esquecida da canção.
E a chuva cai bonita, cai em gotas ao som de velhas luzes.
Amanhã, a ferrugem terá fome.
A chuva é incessante, chuva que seus olhos veem, que sua alma sonha, que sua pele de metal bebe. É acida água de febre, do céu entregue.
Finalmente, Bebel nos braços da sagrada corrosão.
❤️