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Crítica – Souldbra toca na “ferida” em clipe de Campo Grande

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 25 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Para aqueles que não sabem ou fingem da existência de favelas, pois bem: são aglomerados subnormais e consideradas como uma consequência da má distribuição de renda e do déficit habitacional existente na cidade. Na contramão daquela velha propaganda política que os administradores de Campo Grande sempre fizeram no passar dos tempos e com a contribuição da mídia, divulgando que cidade se “orgulha” de não ter favelas (algo absurdamente mentiroso), a banda campo-grandense Souldbra lançou semana passada o clipe “Favelaria”, música composta por Nando Dutra e Walter Correa. Uma bela produção elaborada pela Condado Produções e que mostra uma realidade que muitos ainda omitem. De princípio até achei que não necessitava iniciar o vídeo com dados do IBGE sobre os números de favelas do país e uma imagem de uma pessoa descendo uma ladeira que me parece na Lapa, no Rio de Janeiro. Vão dizer, “mas é um vídeo para mostrar a realidade brasileira em si”. No entanto, a Souldbra sempre mostrou que é uma banda que canta e aposta a realidade oculta e não desejada de divulgação de locais de Campo Grande (MS) que são largados literalmente pelas administrações municipais. Para tanto, que no próprio show apresentado na “Cidade do Natal” no ano passado, a banda foi brutalmente interrompida pois estava denunciando a situação de Campo Grande com suas favelas em vídeo de fundo no palco. Apesar desse ponto inicialmente “nacional”, o clipe por sua vez coloca de uma maneira inteligente que a Capital sul-mato-grossense tem sim favelas e pessoas estritamente carentes e pedintes nas ruas. Mostra inteligentemente de forma teatral, homens, mulheres e jovens acorrentados e amordaçados por uma política social incorreta. A frase de uma senhora no vídeo onde diz que “a vida na favela a gente sorri porque não tem mais lágrimas para derramar”, avisa que essa parada com texto-solo de uma senhora no meio da música, lembrou-me alguns trabalhos que o grande pernambucano Chico Sciense, que de uma maneira mais explicita quando atingiu com seu som do “manguebite”. Assim, a partir de “Favelaria”, pode ser sim o início de um movimento musical real e que as bandas da cidade poderão denunciar problemas graves da cidade, através de seus sons, seja qual estilo for, sem temer represarias. O clipe é um dos mais bem produzidos que pude ver nos últimos anos lançados em Mato Grosso do Sul. A direção é de Tero Queiroz, codireção de Bruno Piva, produção Nando Dutra, produtor executivo Lobo, edição de Walter Corrêa e convidado especial o ator Jair Damasceno. Participaram também do clipe os atores: Giovanna Zottino, Nathália Medeiros, Eduardo Junior, Patrik Machado, Silvia Cerqueira, Elysa Cerqueira, Elena da Silva, Alberto de Mattos, Leandro da Anunciação e Hélio Correa. No ballet, Emilly Ferreira, Kennedy Ferreira, Mayara Fernandes, Mariana Prado, João Vitor Rodrigues, Thiago Viégas, Luiz Khalaf, Anne Martins e Venuz Mendes. Também na produção, Edson Shawer e Caio Reis. Maquiagem, Triz Cindila e Marcelo Athayde. Outra participação especial foi de Rafael Belo. Que novos trabalhos venham como o “Favelaria”, mostrando a realidade nua e crua. Que outras bandas sigam o exemplo desse trabalho autoral!

 
 
 

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