Sócios Band tem músicos fantásticos, no entanto o repertório em alguns momentos fugiu do que realmente são capazes de mostrar.
(Fotos Valentim Manieri)
A necessidade de um produtor musical para dar visão para uma banda ou músico solo é de extrema importância, independentemente da qualidade dos profissionais. Esse direcionamento deve ser sempre levado em conta. Muitas bandas no MS cometem esse "pecado". Digo isso, pois ao ver e ouvir na apresentação da Sócios Band (Campo Grande - MS) no Bonito Blues Jazz Festival em sua última noite (domingo) pude sentir isso. Com profissionais de primeira qualidade, irreparáveis no que diz respeito ao trabalho musical individual ou grupo, no entanto, o repertório pecou em alguns momentos. Houve a dita mistura de estilos e em certos instantes saiu do contexto da proposta do festival. A Sócios Band brilhou quando tocou o verdadeiro blues-jazz - algo que deveria manter até o final da apresentação. Mas, a mistura de estilo deixou-me angustiado por saber do que a banda é capaz. Chegou a um certo momento do show que parecia que ela estava tocando em um barzinho, onde se pode ouvir de tudo para agradar os frequentadores. Exatamente isso. Não sei se foi para satisfazer alguns amigos e parentes presentes no evento. Outro ponto é que o show demorou um pouco mas que os demais.
A vocalista Nath Barros tem um potencial vocal absurdo e domina todo palco. Mas em certas canções, com essa mistura de ritmos, às vezes lembrou as cantoras baianas com aquele timbre que todos conhecem. Ela não precisa disso: é uma menina diferenciada. O complicado tudo, é porque Nath e os caras da Sócios Band são grandes. Isso é incontestável. A música "Não me provoque", (de Jerry Espíndola, Aline Calixto e Thauanny Maíra) mostrou a cara da banda e nessa pegada que eu esperava. Maravilhosa! É aquela coisa: se tivesse um diretor musical ou alguém da própria banda que insistisse em dizer "vamos tocar isso para esse público específico", com certeza seria algo singular pela qualidade dos profissionais. Já ouvi bandas e cantores relutarem com opiniões contrárias, mas após conversas e um direcionamento musical, tudo mudou e caminhou certo. Outros porém, não quiseram ouvir e não duraram muito tempo. O grande músico e produtor Luís Henrique Ávila já o fez isso com muitas cantoras e músicos do Mato Grosso do Sul: mudou o rumo e colocou em lugar certo e com muito profissionalismo. A aceitação é de fundamental importância e necessária. Prova maior foi o próprio Zé Pretim, que mesmo com tanto conhecimento, jamais alguém tinha colocado o dedo e disse: vai por aqui. Luis Ávila o fez e Zé explodiu depois de anos. No show da Sócios Band em Bonito, o guitarrista Davi Galvão em muitas vezes mostrou seu momento de magia - grande demais o cara, uma técnica impecável e solos incríveis. Serginho Lima, no baixo, sem palavras: sensacional. Nini dy Castro, baterista, lembrou o som de nada menos do que Mitch Mitchell. Excelente. Pedro Fernandes, nos teclados: uma sensibilidade quase que incomum. Aliás, preencheu com muita técnica as canções e deu um toque a mais. Éder Nobre com seu violão ímpar, sonoridade distinta, marcou o ritmo com clareza em todas as canções. Muito bom. O problema desse show foi justamente essa mistura musical em um evento diferenciado. Um produtor é necessário, e nem precisatambém ser músico, pois por exemplo, Rick Rubin sequer toca um instrumento. Mas, acredito é a Sócios Band é extremamente competente para "sacar" que show é show - barzinho é barzinho...
Fotos - Valentim Manieri
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