Crítica - No FESTOP, Falange da Rima mostra que é a voz da denúncia e mudança!

Crítica - Alex Fraga *** - - -

Foto - Tatiana Varela *** - - -

Um dia eu perguntei para o rapper e compositor da baixada santista, Mano Brown, que ainda existe um preconceito enorme com relação ao estilo de música que ele faz e deve ter sido difícil conquistar esse espaço, principalmente nas camadas sociais consideradas mais alta, já que muitas vezes as composições são denúncias contra o que vai de encontro ao pensamento e vivência da periferia. Sua resposta foi clara e direta: "Quando a caminhada fica dura, só os duros continuam caminhando". E é nesse ponto que desejo em falar da persistência de uns caras que são referências no rap em Mato Grosso do Sul e que estiveram se apresentando no último sábado (26) no FESTOP - Festival de Todos os Povos, em Dourados - Mato Grosso do Sul: Falange da Rima. Eles que estão aí na batalha há mais de 30 anos, mostraram no palco montado na Praça Antônio João que realmente são o que há de melhor no rap sul-mato-grossense e com certeza, entre os principais grupos do país. Exagero ? Absolutamente não. O que se pode notar é que o tempo e persistência fizeram ter uma evolução profissional sem igual. A apresentação do Falange da Rima foi magistral e para quem acha que o rap é só escutado por quem mora na periferia, pelo contrário. O público em geral que lotou o local, (crianças, famílias de classe social diferentes) acompanhou esse estilo musical, principalmente o de denúncia que faz parte do movimento hip-hop, vibrou, cantou e delirou com os "caras do rap". Antes do show, tive a oportunidade que conversar com um dos seus integrantes, o Mano Xis, que explicou sua luta diária como pai de família, trabalhador e que consegue compor essas letras fortes devido seu dia a dia e vivência com os amigos. Mas, o que mais me impressionou no Xis, foi a preocupação que estava com sua criança em seus braços para deixar em um lugar tranquilo e confortável para dormir. Um ser humano especial. Mas é nesse relato que possamos diferenciar essa turma com "cara de mau", mas que no entanto, são artistas sensíveis e que não desistem de estarem presentes e levando denúncias e amor para o público. O show apresentado em Dourados no FESTOP foi de um profissionalismo enorme. As próprias improvisações marcantes sobre o beat do DJ Magão e todos os toantes de Flynt, Jhon Geral , Mano Cley, sem dúvida é um grito engastado na garganta de uma sociedade que continua hipócrita e que finge em ajudar as pessoas menos favorecidas. Falange da Rima é resistência pura. O show foi uma aula recebida de ouvir a verdade pura e crua. Arrebentaram em Dourados!