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Quando o Carnaval acabar, alguns voltarão colocar suas máscaras. Pelo menos acredito que seja assim em Campo Grande onde é a única cidade do Brasil que a maior festa popular do país termina às 22 horas. Sim, nenhum minuto a mais, onde a polícia forma o seu “Cordão Humano” e retira as pessoas que estão concentradas na rua da Esplanada Ferroviária. E olha que os organizadores fizeram de tudo para entrar nesse acordo com as autoridades.
Ontem, mais uma vez o público se comportou tranquilo e muito feliz, desde a passagem do Bloco Capirava Blasé (organizado pelo competente Vitor Hugo Samudio) que animou a tarde das crianças e depois com a apresentação de Chokito Sambista, que levou sambas tradicionais e principalmente os de enredo das escolas de samba do Rio de Janeiro. Levantou o público e mostrou mais uma vez porque é considerado um dos melhores sambistas na atualidade em Mato Grosso do Sul. Uma banda afinada e com muita participação. O único problema que houve, que já não me assusta mais, foi justamente a qualidade do som que deixou muito a desejar. Mas o artista soube superar e o público procurou aproveitar cada instante das músicas.
Em seguida chegaram as meninas do Sampri: Renata, Magally e Luciana. Com repertório diferenciado, apropriado para o Carnaval, as irmãs reinaram no palco. Elas fizeram algo que muitos deixam às vezes de fazer: cantaram o que o povo está acostumado a cantar nesta época de folia. Por isso não faltaram principalmente as músicas do carnaval da Bahia, desde Akaketu, Ivete entre outros. “Renatinha”, vocalista principal deu um verdadeiro show de simpatia e afinação. A interação com o público foi de extrema importância para encantar a todos. No entanto, respeitando o “acordo” feito, tiveram que encerrar a festa justamente no momento que o povo estava amando o espetáculo. Sabe “aquele coisa” da pessoa oferecer um chocolate para a criança e ela come apenas um pequeno pedaço... pois é, está sendo assim esse carnaval de rua de Campo Grande, que aliás está sendo organizado sem apoio financeiro dos órgãos governamentais (pelo menos é assim que está sendo divulgado).
O “Cordão Humano dos Policiais” novamente agiu, mas desta vez até com educação. As pessoas foram retiradas do local, no entanto, nos arredores onde o perigo rondava, nada foi feito. O interessante neste carnaval da Esplanada Ferroviária é que ao pequeno sinal de briga, imediatamente a reação do público é geral na tentativa de encerrar com a possível confusão dos mais “nervosos, bêbados e drogados”. A tal “Lei do Silêncio” imposta na cidade cala a maioria e apenas agrada alguns. Pelo menos deveriam fazer como a cidade de Navegantes que encerra a folia por volta da meia-noite, pois 22 horas dá para lembrar a época da censura militar onde o toque de recolher reinava. Pensamos mais. Por favor, não coloquem suas máscaras após o Carnaval!
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