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Conto - O menino e as mangas, por João Francisco Santos da Silva

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 22 de fev.
  • 2 min de leitura


Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de conto com o médico clínico geral, acupunturista e escritor de Campo Grande (MS), João Francisco Santos da Silva, com "O menino e as mangas".


O menino e as mangas


Sol quente não espanta menino da rua. Já um pé carregado de mangas atrai. Pena que as mangas amarelinhas ficavam todas lá no alto. Ele procurou por um pedaço qualquer de pau ou de galho. O único que encontrou foi muito curto e com ele, mesmo na ponta dos pés, não conseguiu chegar perto das amarelinhas. Lembrou-se que em casa havia uma vara cumprida. Porém se voltasse em casa a mãe não lhe deixaria sair novamente naquele sol. Então catou pedras no chão e atirou-as nas amarelinhas. Até conseguiu acertá-las, mas nenhuma delas caiu.

Depois de inúmeras tentativas sem sucesso, ele sentou-se no chão encostado ao tronco da enorme mangueira. Não costumava desistir fácil. Confiante, pensou que logo teria uma boa ideia para pegar as amarelinhas. Pensou, pensou e pensou. De tanto pensar, caiu no sono ali mesmo. A sombra e uma brisa gostosa lhe trouxeram bons sonhos. Sonhou que estava deitado no meio de um mar de amarelinhas. Sonho cheiroso, com aroma de manga madura fresca, no ponto para ser comida.

Meio dormindo, meio acordado, sentiu um arrepio no corpo e até um friozinho. Despertou no escuro com o céu encoberto por nuvens negras. A ventania chegou forte trazendo uma chuva de verão. Os galhos da mangueira balançavam de um lado para o outro. Seu pai dizia que árvores atraem raios. Com medo, o menino saiu correndo em direção de casa. Antes de virar a esquina, ele olhou para trás e viu seu sonho se realizando. Da mangueira sacudida pelo vento não parava de cair mangas. O chão ao redor da árvore foi ficando recoberto pelas amarelinhas.

E agora? Lembrou-se que certa vez o professor disse que a chance de uma pessoa ser atingida por um raio é de uma em um milhão. Mas se for durante uma chuva forte e a árvore estiver num descampado a chance de ser atingindo pelo raio subia para uma em mil. Depois de breve análise estatística, o menino voltou correndo na chuva e mergulhou no seu mar de amarelinhas. No pequeno distrito em que vivia, com menos de 800 moradores, ele tinha certeza que ninguém nunca seria atingido por um raio. E que mar de amarelinhas só ocorrem em dias de tempestade.

 
 
 

2 Comments

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Guest
Feb 26
Rated 5 out of 5 stars.

O  mar de amarelinhas só ocorrem em dias de tempestade.😍

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Guest
Feb 26
Rated 5 out of 5 stars.

❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️💪🏾

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