Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de conto com a poeta e escritora de Amambai, Helena Pereira, com seu Farol Passado
FAROL DO PASSADO
Uma pequena a casa de madeira, enfiada entre os prédios de concreto que se erguem como gigantes a sua volta. De aparência modesta, exibe uma aura de resistência e a sabedoria da velhice.
No jardim, a grama verde dança com a brisa, acariciando os pés das poucas borboletas que ali passeiam. Refúgio de natureza em meio à rigidez das calçadas de concreto e ferro dos vizinhos altivos e austeros.
Dentro, o tempo parou. Móveis de madeira desgastada contam histórias de longos anos, fotografias amareladas adornam as paredes, testemunhas silenciosas de uma vida vivida com simplicidade, mas autêntica.
A alma da casinha era de uma presença que não pode ser ignorada. Enquanto os prédios ao redor crescem em altura, moldando o horizonte com uma estética moderna, ela permanece firme, como um farol dos tempos passados.
Enquanto os vizinhos, de rotinas frenéticas, na busca incessante por mais, sequer param para ver a estrutura de madeira meio envergada que não passa despercebida aos olhos de visitantes estrangeiros. É como se fosse uma peça de museu em meio a um mundo em constante evolução.
Aqueles que a notam, veem a simplicidade e a beleza da natureza que prevalece ao longo das estações e dos desafios impostos pela cidade que cresce. Chuvas torrenciais e ventos furiosos testam sua estrutura, mas ela permanece firme, como se cada desafio fosse apenas mais uma história para contar.
A casa de madeira, de presença humilde, porém marcante, no coração da cidade é um lembrete de que a resistência não se limita à força física, mas à capacidade de preservar a autenticidade e a simplicidade em um mundo em constante mudança. Com sabedoria e beleza modesta, lembra a todos que a verdadeira resistência está na capacidade de permanecer fiel a si mesmo, independentemente do ambiente que o cerca.
Resistência e sabedoria da velhice, assim é a vida, vivendo apreendendo e conhecendo.