top of page

Conto - Contos Liliputianos, por João Francisco Santos da Silva

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 3 de mai.
  • 2 min de leitura

Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de conto com o médico clínico geral, acupunturista e escritor de Campo Grande (MS), João Francisco Santos da Silva, com "Contos Liliputianos"


Contos Liliputianos



A lagarta

O homem caminhava apressado, quando viu uma enorme lagarta. Enquanto a admirava, prosseguiu andando pela rua cabisbaixo e distraído. Tropeçou numa pedra e caiu ferindo a cabeça. Morreu dois dias depois esperando vaga na UTI e com uma questão não resolvida. Afinal, a lagarta era macho ou fêmea?


Nostalgia

No apagar das luzes, abriu o dicionário na letra N e leu a síntese de sua vida. Nostalgia: tristeza sem motivo aparente. Depois saltou do 8º andar.


Mal-entendido

Em frente a farmácia.

— Cuidado! Putz, olha a droga! Que merda é essa?

— Se não for remédio de farmácia, é cocô de gat...!

Respondeu de supetão o cego, que não vira nada do que estava acontecendo, pouco antes de cair no bueiro destampado.

—Eu ainda tentei avisá-lo, mas ele não me entendeu! Disse o transeunte desesperado.


A mulher fatal

O menino esperava ansioso pela mãe que sempre lhe trazia um mimo ao chegar do trabalho. Com fama de trabalhadora exemplar, os homens por ela perdiam a cabeça e quem experimentava seus serviços nunca voltava para reclamar.

O menino saiu correndo feliz, chutando mais uma cabeça ensanguentada como se fora uma bola.


Rotina.

As vezes tinha a sensação que estava em queda livre e até o último momento era imprevisível como e onde terminaria a sua trajetória para baixo. O pesadelo sempre terminava com ele acordando em sua própria cama. Desperto para iniciar mais um dia, igual ao de ontem e que se repetiria amanhã. Lembrou-se de Belchior: viver é pior que sonhar.


Conselhos impertinentes

Para o jovem arrumar uma namorada é preciso estar bem asseado. Unhas limpas, dentes escovados e desodorante dentro da validade. Se tiver que escolher entre um amor fugaz ou um bicho de pé, não deve titubear. A paixão, primeiro afaga, para depois bater pesado. O bicho de pé coça, mas incomoda gostoso.


Justa causa

Foi demitido. O chefe não confiava nele. Atrasado outra vez. Acordou com o galo. Maldito pneu furado do ônibus. Dessa vez era verdade.


Perdeu a graça

Homem otimista, durante 299 semanas consecutivas, teimosamente fez a mesma aposta. Então, na trecentésima semana sua vida mudou. Foi quando se deu conta que nunca ficaria rico e parou de jogar. Tornou-se mais um triste homem racional.


Compulsão

Se a consulta fosse às 14 h, passava à noite insone e chegava às 8 h no consultório. Diagnosticado com câncer em fase terminal, lhe restava apenas três meses de vida. Comprou um caixão “King” e passou a dormir todas as noites nele. Não queria atrasar-se para o velório.

 
 
 

2 commentaires

Noté 0 étoile sur 5.
Pas encore de note

Ajouter une note
Invité
03 mai
Noté 5 étoiles sur 5.

💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾💪🏾👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿❤️❤️❤️

J'aime

Miriam Idi Souza
03 mai
Noté 5 étoiles sur 5.

Nossa que texto louco, amei!

J'aime
bottom of page