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Conto - A cachorra-gato em: O pum de Pipoca

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • 2 de ago.
  • 2 min de leitura
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Sábado no Blog do Alex Fraga é dia de Conto com o médico clínico geral, acupunturista e escritor de Campo Grande (MS), João Francisco Santos da Silva, com "A cachorra-gato em: O pum de Pipoca".


A Cachorra-gato em: O pum de Pipoca


Pipoca comeu o resto do cuscuz do café da manhã e ficou com gases. Soltou um pum tão forte e fedido que suas pernas fracas se desequilibraram e ela mergulhou de cara no chão.

A gata Sabá que a tudo observava do andar de cima, se partiu de rir e agradeceu por não estar incorporada como cachorra-gato em Pipoca. Foi poupada de passar por mais esse vexame.

A cachorra, depois de sofrer um segundo AVC, era a imagem da decadência física e mental. Até Sabá em sua autonomia felina e meio egoísta, sentiu pena do sofrimento de Pipoca.

À noite, enquanto Pipoca dormia um sono agitado, Sabá se aproximou e com a língua embebida de poção transformadora lhe lambeu a boca. Sabá triplicou a dose habitual da poção. Mesmo assim, no estado deplorável da cachorra, a superdose só seria suficiente para mantê-la por pouco tempo como cachorra-gato.

Pipoca acordou de madrugada transformada em cachorra-gato. Sabá, a cabeça pensante da dupla, não queria aprontar nada no condomínio com medo de ser confundida com o siamês cinza. Um famigerado gato que aterrorizava a vizinhança e já estava jurado de banimento.

Sabá preferia chacoalhar o esqueleto e por ela teriam ido ao beco no centro da cidade para bagunçar com a sua galera de gatos vadios. Mas como queria satisfazer talvez um último desejo de Pipoca, ela pulou o muro do condomínio e foi para o prédio vizinho.

Num ritual de despedida, a cachorra-gato entrou pela portaria social e subiu direto ao 18º andar. Tinha um alvo planejado. Sabia de antemão que no apartamento 181 havia uma surpresa esperando por elas: uma mesa com o lanche da noite que não foi retirada. Bolos, pães e até um salaminho italiano, guloseimas que a cachorra sempre fora proibida de comer.

Nos seus bons tempos, a cachorrinha não teria dificuldades em aproveitar a distração de sua tutora para subir na mesa da cozinha e roubar qualquer comida nela esquecida.

No apartamento, a cachorra se refestelou com o botim. Encheu tanto a barriga, que mesmo estando sob o efeito da poção transformadora, suas pernas quase arrearam com seu peso.

Para voltar, a cachorra-gato, já meio sonolenta, desceu de elevador. Foi o exato tempo de entrar em casa e o efeito da porção transformadora terminar.

Pela manhã, sem memória, os arrotos e puns foram as únicas lembranças que restaram da breve aventura de Pipoca.

 
 
 

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