Curta tem início a ser exibido às 18h30 na sala do Sesc Cultura na Capital
Neste sábado, às 18h30, na Sala de Cinema do Sesc Cultura, acontece haverá a exibição do curta-metragem “O Sorriso da Orquídea”, filme dirigido pelo poeta Vini Willyan, inspirado no conto do autor sul-mato-grossense André Luiz Alves e que trata da elaboração do luto. Ao fim, haverá participação da equipe técnica para um bate-papo.
Ao Blog do Alex Fraga, Vini Willyan afirmou que André Luiz o procurou para fazer uma dramatização desse conto que está no livro dele, "O olho esquerdo", que ficou em segundo lugar no Prêmio Ulisses Serra, da Academia de Letras do Mato Grosso do Sul. "No início nós tínhamos pensado em fazer uma intervenção teatral, mas como não estamos em uma época propícia para promover tantos encontros, disse para ele porque não fazer um trabalho em audiovisual, onde poderíamos assim até reprisar mais, ficaria assim com mais disponível do que uma intervenção?. Aí ele topou e começamos a trabalhar com a possibilidade de montar esse curta".
Vini acrescentou: "O conto trata sobre uma personagem que se chama Eleonor e que ela perdeu o companheiro Carlos e que ele havia dado uma flor - orquídea que tem um rosto. Assim, ela passa a enxergar as coisas diferentes. Começa ver essa figura do sorrido do macaco em outros lugares, começa ver as cores, perceber a vida de um modo diferente, pois está nesse processo de luto, ela está se deprimindo. Então faz uma metáfora também em relação a depressão, pois durante esse período temos esses sintomas que é de não enxergar as cores, e tem esse tom mais acinzentado. O curta inteiro é narrado, na íntegra. E aí construímos através da imagem, desenhos que dão para o expectador a ideia de como a Eleonor passa a enxergar as coisas. Nós usamos muito as técnicas de colagem, sobreposição inspirada nesse estilo de vídeo arte. É bem experimental nesse sentido, para criar para o expectador essa vivência da Eleonor, essa sensação de luto, de não conseguir enxergar as coisas. Para tanto, que quando sua vista começa a embaçar, o vídeo também embaça, as coisas começam a ruir, começamos assim entrar com a sépia, começamos a desconstruir as cores dentro do vídeo. Também surgem os desenhos que elaboram outras formas, pois é o que ela começa a ver as coisas, cria outras imagens a partir da flor que o Carlos dá pra ela, que tem o sorrido de macaco. É interessante também porque essa flor existe e nem eu mesmo sabia, e que realmente tem uma cara de macaco".
Por fim, Vini Willyan diz: "Num dado momento da história, Eleonor deixa de enxergar essa flor como uma flor e ela reproduz o Carlos ali, o companheiro dela. Ela vê que ele partiu. Assim finalmente consegue ver essa tentativa dela. Na verdade, ela estava tentando projetar o rosto nas imagens, a presença física que não existe mais. Assim adormece e consegue a voltar a enxergar as coisas mais devidamente. Temos um filme assim, que sai de uma concepção muito imagética, pois tem muitas imagens, colagens e sobreposição, mas está ali ainda míope. Ao fim, a gente explode no sonho essa cor, que é um processo da depressão, pois a pessoa neste estado procura muito o sono, fica sonolenta. Trabalhamos nesse conceito. Nós arrumamos uma bailarina, que é a Siana Subtil para ajudar nessa narrativa que nós queríamos propor. O corpo de um bailarino faz muito desenho, e como Eleonor estava procurando os desenhos, vamos usando esse corpo para compor as imagens que a gente criou. Primeiro criamos as imagens depois, a trilha, a narração, a bailarina. Filma tudo e fazemos um "mix" desses componentes para tentar criar esse protagonismo da história. É importante dizer que essa tentativa de colocar a literatura como protagonista de uma outra linguagem é algo que estamos pensando muito, pois embora a literatura seja o trabalho inicial da maioria dos cinemas (filmes), pois tudo nasce do roteiro, da dramaturgia, ela não fica em primeiro plano. Fica como ela fosse o estarte, mas o produto final, a obra física, ela já ganhou outro nome. Nós queremos estar premiados pela literatura sim!, finaliza
Sinopse do curta: Algumas flores morrem, outras trazem a vida. A dor que não tem nome e faz tudo mudar de cor. O brilho se torna fosco, as luzes fogem, até mesmo o mar perde o sentido. Eleanor reparou as mudanças, nada escapou de sua atenta percepção, apenas a dor continuou existindo, pulsando forte, machucando silenciosamente cada vez mais. Existia um único alento: a orquídea dependurada numa árvore no quintal, perto da sua janela, se transformando aos poucos no rosto de Carlos, tão querido, distante, sofrido. A luta diária, o luto que não vai embora, os óculos embaçados em confronto com a vida, que pulsa nas pétalas e no sorriso de uma estranha da flor com cara de macaco.
Sucesso