O maestro Guilherme Vaz disse um dia que "o artista não morre, se transforma em fração do infinito... Chico Lacerda seguiu nessa fração do imaginário para nós que ficamos. Um artista que sempre mostrou o lado mais brincalhão e sorridente do Grupo Acaba. Sua alegria no palco por exemplo, sempre foi o reflexo de um trabalho sério, bem feito e que com a certeza que atingiria no peito tudo aquilo que ele e seus amigos estavam sentindo nas pessoas que os assistiam. O lugar que Chico está não é imaginário - a felicidade dele estava justamente em saber viver transmitindo sorriso, até muitas vezes no grito de suas canções, nos alertas sobre o descaso do homem com a natureza, com a população pantaneira, com os índios - o ser humano em transformação. O abraço dele tinha cheiro de canto, dos peixes e das águas do Pantanal. O sorriso de Chico Lacerda tinha algo de camalote com suas folhas verdes e flores lilás. O canto forte desse artista ímpar sempre foi um alerta máximo aos mais oprimidos dessa região pantaneira, cada vez mais abandonada por muitos que deveriam preservar. A passagem de dele faz o Pantanal ficar em silêncio como todos nós que o amamos ficamos - aquele instante do pensar tristonho. Mas só por uns momentos, pois Chico nos deixou a sua "Papagaiada" em parceria com Vandir Barreto, a linda canção Fernando Vieira que agora poderá encontrar seu outro parceiro no céu, Zezinho Charbel, relebrando outras composições inesquecíveis do Grupo Acaba. Assim se foi, e como a própria letra de uma das mais conhecidas canções do grupo diz e que eu particularmente discordo: "Nada vive muito tempo, só a terra e as montanhas". Discordo porque Chico Lacerda vive e viverá sempre em nossos corações! Ele apenas fechou os olhos aqui na terra para voar em outros pantanais...
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