
PARÁBOLA DO PATRÃO BOM
Osmar Resende SDB
Mateus (Mt 20,1-16) nos apresenta a Parábola dos Vinhateiros, dos Operários da Vinha, que hoje em dia alguns preferem intitular “Parábola do Patrão Bom”, numa referência a Deus.
Segundo a parábola, o Dono da Vinha, o Patrão, vai recrutando operários para sua vinha, inicialmente, de madrugada. Depois, conforme sua necessidade, às nove horas da manhã, ao meio dia, às três da tarde e, por fim, às cinco, ao entardecer. E, no final da colheita, paga a todos indistintamente, começando pelos últimos, o mesmo valor combinado. O preço de uma diária, uma moeda de prata. Diríamos hoje, quem sabe? Uns cem reais.
Aqueles que começaram primeiro se revoltam por ter pago igual a todos. O patrão se justifica, pois fora o preço combinado. Não está praticando nenhuma injustiça.
Jesus conta esta parábola para falar, segundo José Antonio Pagola, para mostrar a “bondade escandalosa de Deus”. Não se deixa levar pela mentalidade corrente da meritocracia, mas para a necessidade da pessoa, de sua felicidade pessoal, familiar e social.
“Deus é bom para com todos”. Neste sentido o Patrão Bom quer pão e trabalho para todos. O Papa Francisco em sua viagem a Marselha, na França, lança um apelo para que possam acolher os migrantes que fogem da África, fugindo da guerra, da fome, da miséria, da exploração, buscando melhores condições de vida. Milhares naufragam e morrem no mar.
“Confiar na Bondade de Deus”. Se Deus é bom para com todos, só nos resta confiar nele, em sua bondade, em sua misericórdia. Nos Evangelhos, a toda hora, Jesus manifesta sua bondade, sua compaixão para com todos, sobretudo os humildes e pecadores.
“Deus não é como nós pensamos”. Já Deus dizia através de Isaías: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos... e vossos caminhos não são como os meus caminhos” (Is 55,8). Às vezes nós criamos em nossa mente uma imagem totalmente distorcida de Deus. Um Deus vingativo, terrível, cruel. A melhor definição de Deus nos é dada por João: “Deus é amor” (1 Jo 4,8).
E, por fim, Pagola nos convida a “deixar Deus ser Deus”. Lucas nos fala em seu Evangelho do Bom Ladrão, que no último instante conquistou o Paraíso (Lc 23, 4-43), como os últimos operários da Vinha.
Assim é que muitas pessoas, através de uma experiência de “Acampamento”, de RCC, do AA, de um encontro bíblico, de um amigo, dando cabeçadas aqui e acolá, de uma forma ou de outra são chamadas a trabalhar na Vinha do Senhor, a ter uma experiência de amor verdadeiro. E até o último instante, Deus se manifesta e nos acolhe e aceita com nossas pobrezas e misérias espirituais e nos convida para o banquete eterno, para mergulhar em seu mistério insondável de amor, em seu oceano de misericórdia.
Comentarios