***Texto - Henrique Pimenta***** - - -
Fotos : Daniela Péres
CONTOS E ENCANTOS NA 7ª FEIRA LITERÁRIA DE BONITO
Henrique Pimenta
A importância da leitura de textos literários na formação das crianças é indiscutível, e o conto se apresenta como um gênero textual fascinante para despertar o prazer pela leitura e, também, pela escrita, nas fases iniciais da formação escolar. Nesse sentido, com o objetivo de promover uma instrumentação didático-pedagógica para professoras e professores do Ensino Fundamental, fui convidado pela curadora da FLIB 2023, Maria Adélia Menegazzo, ao desafio de elaborar uma Oficina de Conto.
Na condição de ter sido professor por cerca de trinta anos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, com algumas passagens pelo Ensino Superior, ser mestre em Estudos Literários pela UFMS e ter publicado dois livros de contos (“Ele adora a desgraça azul” e “Compêndio de evisceração”), aceitei o desafio. A oficina, projetada desde o ano passado, foi, finalmente, posta em prática, na manhã de sábado (08/07).
Durante os trabalhos, junto aos participantes, exploramos a natureza oral do conto e sua presença na cultura cotidiana. Foi essencial discutir esse aspecto básico, evidenciando como o conto está presente nas narrativas orais do dia a dia. Essa abordagem permite, inclusive, que os alunos se conscientizem de seus próprios relatos orais, semelhantes a contos e, assim, possam valorizar o seu poder de construção de histórias, sejam elas verdadeiras ou fictícias.
Seguindo o tema da FLIB (Literatura e Natureza: uma história para contar) e, também, procurando mostrar que escritores regionais estão produzindo uma literatura de alto valor estético e que suas obras podem e devem constar tanto em bibliotecas escolares quanto em materiais didáticos, foi apresentado a professoras e professores um conjunto de contos de autores sul-mato-grossenses, como: Luciano Serafim, Eusvaldo Rocha Neto, Isloany Machado, Tânia Souza, Henrique Komatsu, Flávio Adriano Nantes, Adrianna Alberti e Gleycielli Nonato. Alguns contos desses autores, que exploram em parte questões sociais e questões relativas à natureza existentes em MS, foram lidos e comentados, verificando-se a possibilidade de sua adoção em sala de aula para atividades com alunos.
Um dos principais pontos abordados foi a mudança de paradigma em relação à produção textual. Enfatizamos que crianças e adolescentes escrevem para serem lidos e, se possível, por um número expressivo de leitores. A chamada redação escolar, portanto, não deve se limitar a um mero cumprimento de uma avaliação, com uma determinada aritmética estipulada pela docência. Os “pequenos escritores” do Ensino Fundamental, ao produzirem contos, podem alçar essa literatura iniciante a condições de larga legibilidade, incentivando-os a mais produção de contos, assim como de outros gêneros textuais.
Sob análise e mediação dos professores, recomendamos que os alunos, após redigirem seus primeiros contos, sejam incentivados a corrigir e a reescrever seus trabalhos, encaminhá-los a uma equipe de edição e publicação escolar, a fim de se criar uma antologia com esses textos ─ independentemente de serem "modelares" ─, dando, assim, a oportunidade de todos os jovens escreventes terem suas produções lidas por um público mais amplo, como familiares, amigos e outros estudantes. Para divulgar a antologia com os contos produzidos, são adotadas opções simples, em formato PDF ou e-book, entre outros, material a ser disponibilizado em plataformas gratuitas na internet.
Destacamos que estimular a leitura e a produção de contos trata-se de uma maneira eficaz de despertar a imaginação e de revelar talentos, desenvolvendo a expressão individual artística e técnica dos estudantes. Como conclusão, esperamos que os conhecimentos partilhados na oficina motivem professoras e professores a continuar na prática do conto como ferramenta poderosa para a educação infantojuvenil.
Henrique Pimenta - É poeta, publicou o livro de fesceninos “99 sonetos sacanas e 1 canção de amor” (2012). Como contista, publicou “Ele adora a desgraça azul” (2016), livro que recebeu o Prêmio Guavira, Edição especial – MS 40 anos, em 2017, e “Compêndio de evisceração” (2021), pela Editora Chiado, no Brasil, em Portugal, em Angola e em Cabo Verde. “Alcácer-Quibir” é seu livro de poemas que lançou na FLIB 2023.
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