Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto do advogado, poeta, escritor e presidente do Instituto Agwa, Nelson Araújo Filho, com o artigo intitulado "A Ilha dos Orelhões".
A ILHA DOS ORELHÕES
Moacir Lacerda é homem de sete talentos. Lançou a campanha MS 500 ANOS. Uma grande sacada dele. Foi em meio a pesquisas sobre Aleixo Garcia, navegante português a serviço de Espanha. Moacir se deu conta que Aleixo foi o primeiro europeu a descobrir as terras do MS, em sua jornada pelo caminho Inca do Peabiru. No ano que ele andou por aqui, 1524, não existia colonização portuguesa no Brasil. Então, as andanças do Aleixo, pelo MS, precedem o Brasil. Nesse ponto, reside a importância da jornada do Aleixo aventureiro, a qual se agrega o apelo dos 500 ANOS.
Me entusiasmei com o projeto do Moacir e também me interessei pelos detalhes da viagem do Aleixo, foi aí que me lembrei da ilha dos orelhões.
Em seguida a vinda do Aleixo, ainda na primeira metade dos anos 1500, diversas outros espanhóis percorreram o MS explorando rotas em busca de riquezas. Dos registros dessas expedições ficaram inúmeros tesouros para nosso consumo atual. Foram mapas e importantes relatos descrevendo a vida e os povos que, densamente, habitavam as margens do rio Paraguai.
A Ilha dos Orelhões está nos mapas e nos relatos dos espanhóis, mas foi banida do mundo e do imaginário pelos portugueses que, anos depois, trouxeram as fronteiras do Brasil até aqui.
Me impressiona o fato de inexistirem referências, mesmo geográficas, à ilha em si, na região onde ela se encontra, considerando-se sua extensão, bastante destacada.
Fico pensando na dificuldade cultural que temos em relação a memória. Mas como explicar ela não ter sido vista, não ter sido mencionada por tantos outros viajantes e demarcadores que frequentam o Pantanal?
Fiz uma pesquisa rápida, que vou aprofundar, porque pretendo falar sobre a Ilha dos Orelhões em palanques mais especializados, e encontrei sobre ela apenas as referências de dois ou três historiadores. Mapas, nenhum, além dos históricos por eles apresentados.
Não consigo imaginar resposta para o desaparecimento da Ilha dos Orelhões em tempo mais remotos, nos períodos pós Espanha. Para os tempos atuais, do final do século 20 para cá, meu palpite e acusação vai para o assoreamento da planície do Pantanal, a partir dos rios Paraguai e Taquari, por conta das alterações que eles, entupidos de areias, provocaram na morfologia da região. Os alagamentos permanentes oriundos da areia disfarçam a ilha, é verdade. Mas ela continua lá com toda sua história e seu mistério. Hoje já abusei muito do espaço do Blog do Alex Fraga. Vamos falar mais sobre esse assunto uma outra hora.
A Ilha dos Orelhões está situada em frente a Corumbá, do outro lado do rio. Tem uma ponta na estação de captação, a outra depois do Rabicho, na foz do Paraguai Mirim. De corumbá ela segue norte, por 65 km em linha reta até a bifurcação do Mirim.
Vamos colocar a ilha de volta no mapa!
Nelson Araújo FIlho
Que bom saber disso.
Carla Novaes - Belo Horizonte MG
Caramba. Muito interessante. Parabéns.
Gislaine Rodrigues
Londrina PR
Li algo sobre isso e me deixou dúvidas principalmente com relação ao mapa. Mas parabéns.
Flávia Dantas ( Natal RN)
Que texto interessante!!! Gostei. Sou leiga nesse assunto, mas bem curioso o tema.
Ana Carolina de Souza
Fortaleza CE
Interessante. Não sabia.
Telma Santos
Cuiabá MT